Complicações Cirúrgicas
Conheça abaixo as complicações pós-cirúrgicas do quadril tratadas por Dr Eldon Bezerra
Conheça abaixo as complicações pós-cirúrgicas do quadril tratadas por Dr Eldon Bezerra
Conheça abaixo as principais complicações que podem ocorrer após cirurgias do quadril e como elas devem ser tratadas.
O cutout é uma complicação que pode acontecer após cirurgias de correção de algumas fraturas do quadril. Explicando brevemente, significa que o parafuso deslizante de quadril "cortou" a cabeça e o colo femoral e está localizado fora ou dentro da articulação do quadril. Trata-se de uma complicação grave e que precisa de tratamento urgente. O paciente deve ser reoparado para a retirada do implante e a colocação de um novo implante adequado a cada caso. Algumas vezes, não é possível reutilizar o DHS como proposta terapeutica, visto que o dano causado ao colo femoral e a cabeça tornam a osteossíntese inviável. Artroplastia total de quadril pode ser uma opção terapêutica para esta complicação. Outra opção pode ser a cirurgia de Girdlestone que consite em fazer a osteotomia e ressecção da cabeça e colo femoral, sem substituição por um implante. Nesses casos, o paciente pode evoluir sem dor, mas provavelmente não conseguirá deambular como antes do trauma/queda. Considera-se uma "cirurgia de salvação" por que visa sanar a dor, mas não consegue devolver a função articular normal.
Pode ocorrer falha do implante antes que o organismo tenha tido tempo de realizar a consolidação da fratura. Todo implante ortopédico, por mais resistente que seja, tem um tempo programado para suportar as cargas do peso corporal e da força muscular que a ele são aplicadas. Este implante deve resistir até que o organismo possa consolidar a fratura. Quando a consolidação está completa, o implante deixa de sofrer as forças que eram aplicadas a ele, e então não haverá fadiga do material. Outra causa de falha do implante é o defeito de fabricação e/ou a baixa qualidade do material. Nos casos em que ocorreu quebra do implante, e não houve consolidação da fratura, o paciente precisará ser reoperado para a remoção do implante e a nova osteossíntese.
A infecção é uma das complicações mais temidas pelos ortopedistas. Os sinais e sintomas podem ocorrer ainda nas primeiras semanas após a cirurgia ou mesmo após alguns anos. O tratamento é essencialmente cirúrgico, sendo obrigatória a retirada do implante para que o tratamento com antibioticoterapia tenha efeito. Sabe-se que as bactérias, após algumas semanas, formam sobre o implante, uma película resistente a ação dos antibióticos. Esta película é chamada biofilme. Se o implante não for removido, o biofilme pode tornar dificil o combate à infecção pelos antibióticos. Além disto, a infecção retarda ou impede a consolidação da fratura. Desta forma, torna-se essencial o tratamento da infecção para que a completa consolidação aconteça.
Algumas fraturas do colo femoral podem ser tratadas com a cirurgia de fixação por pinagem do colo com parafusos canulados. Porém, existe o risco de que a vascularização da cabeça femoral tenha sido danificada por causa da fratura. Se houve dano, a cabeça femoral pode sofrer necrose, evoluir com colapso do osso subcondral e grande deformidade da cabeça. A longo prazo, ocorrem alterações na cartilagem do acetábulo e o paciente evolui para artrose do quadril. Nesses casos, a cirurgia de artroplastia de quadril é, atualmente, a melhor solução para tratar a dor e devolver a função articular do quadril ao paciente.
A luxação da prótese de quadril é uma complicação dolorosa e inconveniente que pode acontecer por uma diversidade de fatores. Quando a prótese “sai do lugar”, na maioria dos casos será necessário operar o paciente para recolocar a prótese no lugar. Após uma avaliação criteriosa, o ortopedista pode optar por fazer uma revisão de prótese de quadril para corrigir posicionamentos errados de componentes da prótese de quadril, que podem estar contribuindo para a instabilidade da articulação. A luxação da prótese pode levar a uma lesão do nervo ciático, se não for abordada rapidamente. Esta lesão acontece por que a prótese pode “apertar” o nervo, causando uma lesão chamada neuropraxia. Isso causa o “adormecimento” do nervo, que pode ser temporário ou permanente, a depender o grau de lesão e do tempo levado para liberar o nervo. Portanto, a luxação de prótese de quadril é uma urgência e precisa ser tratada de maneira imediata. Existem próteses modernas que foram desenhadas para reduzir drasticamente o risco de luxação da prótese de quadril, como por exemplo as próteses de dupla mobilidade.
As próteses de quadril que usam cabeças femorais de cerâmica estão sob risco de que ocorra uma fratura desta cabeça de cerâmica ou do liner de cerâmica. As fraturas podem acontecer principalmente nos tipos tribológicos cerâmica-cerâmica. Trata-se de um evento raro, mas que precisa de tratamento cirúrgico e imediato para retirada dos fragmentos da cabeça fraturada e reposição de uma nova cabeça da haste femoral.
Existe uma complicação que pode acontecer quando usamos o par tribológico cerâmica-cerâmica para prótese de quadril que é o surgimento de um rangido que pode ser ouvido quando o paciente movimenta a articulação do quadril, principalmente durante a caminhada. Trata-se de uma complicação que causa bastante irritação e desconforto ao paciente, inclusive podendo levar a gozações ou bullying nos ambientes sociais. O tratamento desta complicação é cirúrgico e temos que fazer a troca do par tribológico cerâmica-cerâmica, dando preferência ao par tribológico cerâmica-polietileno, pois neste caso o risco de squeaking torna-se menor. Assista o vídeo acima e entenda o que é o squeaking.
Na década de 1970, a soltura da prótese era a causa mais comum de revisão de prótese de quadril, e geralmente acontecia em 5 a 10 anos após a primeira cirurgia. A taxa de soltura era em torno de 29 a 40% e era decorrente de modelos de próteses rudimentares e de técnica de cimentação primitiva. Com o desenvolvimento das modernas técnicas de cimentação de segunda e terceira geração e das novas próteses de quadril, a frequência diminuiu para em torno de 2 a 3% em 10 a 12 anos de seguimento. As solturas de próteses geralmente são assintomáticas, mais comuns em pacientes jovens e ativos e o micro movimento entre a haste solta e o osso pode causar uma destruição progressiva e grave do osso ao redor. Por isso é recomendável ao paciente que possui uma prótese de quadril que faça um acompanhamento regular com seu médico, para que possíveis solturas possam ser diagnosticadas precocemente através de exame radiológico. Nos casos mais avançados de soltura de prótese os pacientes podem apresentar dor na virilha, na coxa, ou no joelho. No exame radiológico, o ortopedista pode observar a presença de linhas de radiolucência maiores que 2 mm entre a interfaces cimento-osso ou cimento-prótese, linha de radiolucência contínua entre as interfaces cimento-osso ou osso-prótese, afundamento da prótese, presença de pequenas cavitações ou grandes defeitos no osso ao redor da haste femoral, fratura da prótese ou do cimento. Vários fatores podem gerar a soltura da prótese de forma isolada ou combinada como: a idade, obesidade, fatores biológicos que dificultam a osteointegração da haste femoral no osso ou a interdigitação do cimento no osso como: osteoporose, pacientes portadores de doenças reumatológicas entre outras.
Existem também fatores técnicos envolvidos como: a má técnica de cimentação, o mal posicionamento da prótese no canal femoral, posição em varo da haste femoral, preparação inadequada do cimento, utilização de próteses de tamanho não adequado ao paciente entre outros. O tratamento para soltura séptica da prótese é cirúrgico e consiste na revisão de prótese de quadril. O diagnóstico da soltura asséptica, como mencionado anteriormente, deve ser realizado precocemente, para evitar maiores complicações na hora da revisão de artroplastia do quadril. Por este motivo, recomendamos uma consulta regular anualmente para avaliação radiológica do implante e acompanhamento com ortopedista.
A infecção após uma artroplastia do quadril é talvez a complicação mais temida pelos cirurgiões ortopédicos. Casos de infecção têm sido relatados em 1 a 3% das próteses primárias de quadril e em 3 a 5% dos casos de revisões de próteses. Nas instituições especializadas em cirurgias ortopédicas geralmente apresentam índices por volta de 1% de infecção. O tratamento da infecção é de longa duração, muitas vezes requer mais de uma cirurgia, leva a sofrimento e a custos financeiros e sociais altíssimos. Os objetivos do tratamento são a erradicação do agente infeccioso, a restauração da função e a promoção de uma artroplastia que seja duradoura. Mesmo com as técnicas cirúrgicas atuais, o prognóstico de resolução dos processos infecciosos nas artroplastias do quadril é de 80 a 90%. A contaminação da prótese pode acontecer de três modos: inoculação direta no ato cirúrgico, continuidade e via hematogênica. No caso da inoculação direta, a bactéria entra em contato com a prótese durante o ato cirúrgico. Quando ocorre por contiguidade, acontece uma comunicação entre uma infecção de um hematoma ou uma infecção de pele e os planos profundos da cirurgia. A infecção por via hematogênica pode acontecer em pacientes que têm focos infecciosos crônicos como: pacientes com lesões de pele e infecções de pele (vasculopatias, psoriáticos, diabéticos com úlceras plantares) ou infecções urinárias recorrentes. Nestes casos a bactéria vai através do sangue até o local onde se instalou a prótese de quadril. Após duas ou três semanas de infecção, as bactérias conseguem formar uma camada de biofilme. O biofilme é uma camada que protege as bactérias da ação de antibióticos e do sistema imunológico, por isso quando ele está formado não pode ser retirado através de lavagem mecânica e, portanto, é necessária a troca dos implantes para que a infecção seja combatida. A revisão de artroplastia para tratamento de infecção do quadril pode ser realizada em tempo único ou em dois estágios. Na revisão em tempo único retiramos o implante infectado, realizamos um debridamento e uma limpeza exaustiva do sítio cirúrgico e colocamos um novo implante, ou seja, uma nova prótese de quadril no paciente. O tratamento é seguido com antibioticoterapia por determinado período. No caso da revisão em dois tempos, no primeiro tempo realizamos a retirada do implante infectado e limpeza e o debridamento do sítio cirúrgico, podendo-se colocar ou não os espaçadores de cimento ortopédico impregnado com antibiótico. No segundo tempo, retiramos o espaçador e colocamos um novo implante. Da mesma forma, o paciente deve fazer uso de antibióticos por determinado período.
Atualmente, o desgaste da prótese quadril não é um problema que gera a necessidade de uma revisão de artroplastia do quadril com tanta frequência quanto antigamente. As próteses atuais apresentam pares tribológicos que podem ser de cerâmica-cerâmica ou cerâmica-polietileno, ou metal-polietileno que sofrem menos desgaste do que as primeiras próteses inventadas. O tempo de vida útil de uma prótese depende de diversos fatores, mas sabemos que hoje, em média, as próteses podem durar mais do que 20 a 30 anos sem a necessidade de revisão por causa de desgaste. Naqueles pacientes que já possuem prótese de quadril que foram inseridas a mais de 20 ou 30 anos, pode ser necessária a revisão dessas próteses por causa do desgaste do polietileno. Nestes casos, é necessário realizar a revisão de artroplastia do quadril para a troca dos componentes desgastados.